Um dia de espera

O dia 29.01 começou com um bonito céu azul e um pouco de vento. Quando chegamos, ainda de madrugada, a luz do sol ainda estava bela atrás da geleira Lange (foto abaixo). Tomei o café da manhã na chamada da alvorada e já comecei a trabalhar no computador, na triste ilusão de uma Internet estável que não ocorreu. Infelizmente o vai e vem do sinal atrapalhou bastante e não consegui nem falar com a Mariana e muito menos colocar as coisas que eu precisava no ar (planejamentos, documentos, etc etc).
O trabalho com as chatas de óleo e transporte de material começaram logo cedo, sob o sol do amanhecer.

E logo de manhã já soubemos que depois do almoço (14 hs) poderíamos descer para a estação. Eu esperava ansiosamente por isso para poder usar um pouco mais a Internet. Mas no final das contas não deu muito certo pois trabalhei as duas horas que estive na estação, colocando as caixas de material nos seis devidos lugares. Ainda no preparo, aguardando o embarque do navio, Rosinha tirou essa foto, para mostrar como o dia estava bonito.
Entre um intervalo e outro de transporte, consegui tirar o mustang e correr para a Biblioteca. Falei rapidamente com algumas pessoas, mas infelizmente não consegui localizar a Mariana. Fica para a próxima vez.
De volta ao navio e logo depois do jantar, ainda fiquei mais um tempo na Internet e as novidades foram as seguintes: O novo Hércules já está em Punta Arenas e irão fazer uma tentativa de vôo amanhã (30.01). Zarparemos de Ferraz as 06hs com destino a Frei, para guarnecer a posição de fundeio e, quem sabe, dar o apoio necessário ao vôo.

Ainda não sei muito bem o que vai acontecer....mas quando tiver outra oportunidade irei postar no blog.

26 à 28 de janeiro - what is going on ???

[ * * Última atualização dia 29.01 as 01:30 hs * * leia até o final]

O dia 26.01 começou um tanto nublado, com uma névoa que necessariamente iria atrapalhar o pouso do Hércules da FAB. Mesmo assim, como estávamos com algumas janelas de tempo bom, levantamos ferro de Ferraz e seguimos para Frei. Na foto abaixo, o Ary Rongel aparece apenas como uma sombra no meio do nevoeiro.

Eu não consigo ficar parado por muito tempo e me ofereci voluntariamente para trabalhar no Palet de carga em Frei. Assim poderia ir a terra e me exercitar um pouco. Na mesma faina com o bote, deixamos nossos amigos parlamentares em terra. Se o Hércules não conseguisse pousar, eles ficariam em Frei e seguiríamos à Ilha Livingston para dar apoio ao Programa Antártico Búlgaro, resgatando 9 pesquisadores para transferência à Punta Arenas.

A foto acima mostra que o “Táxi Big Krill” funcionou bem, com os mergulhões do navio trabalhando muito a tarde toda. Quando chegamos ao hangar, só tivemos que esperar um pouco até o caminhão dos chilenos se aprontar, e aproveitei para tirar fotos ao lado do belíssimo “Black Hawk” que está na base chilena.

Começamos a carga no caminhão logo em seguida. O helicóptero do Ary Rongel estava no hangar para manutenção e transportamos as caixas que carregam as pás (entre várias outras coisas). Nada muito fácil, considerando o peso da caixa e principalmente o volume dela. Chegou a ser engraçado ver o barco com aquela caixa amarela imensa, parte para fora e o pessoal equilibrado sobre ela.

Carga feita, Água 64 à bordo, parlamentares acomodados em Frei, zarpamos rapidamente para Livingston já com a certeza de que não haveria vôo de apoio, por culpa do tempo ruim que pairava sobre a base. Sim...sim, só sobre a base, pois cerca de 2 milhas fora da área da base já tínhamos um belíssimo sol de fim de tarde (já eram mais de 20 hs !) e bom mar à frente. Chegaríamos a Livingston por volta das 6hs da manhã. Eu não fique muito tempo mais acordado e me recolhi às 21h30.

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dia 27.01 às 06hs já tínhamos recolhido todos os búlgaros, graças aos dois motores acoplados do Ary e da navegação tranqüila pelo estreito de Bransfield. O dia amanheceu com teto baixo escondendo boa parte das montanhas de Livingston. Mas logo em seguida o tempo abriu e conseguimos ver um dos picos, que segundo a carta náutica, tem 1.756 m de altura.

No caminho tinha um iceberg, vários pingüins pegando carona, e o mar a frente novamente tranqüilo, mas mal saímos do campo de visão de Livingston e já pegamos um denso nevoeiro à frente. Chegamos à Frei com adianto de uma hora (12 h horário local) mas infelizmente não se via um palmo na frente da proa e, provavelmente, nada de Hércules. Não passou muito tempo até descobrimos que realmente não haveria pouso da aeronave e restava saber se pegaríamos algum convidado em terra. Eles preferiram ficar na base chilena (e uruguaia, já que não tinha vaga para todos em Frei), e cá estamos capeando pela Baia Maxwell até o momento (19 hs), aguardando o desenrolar dos acontecimentos.

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Dia 28.01 amanheceu nas mesmas condições que o dia 27 terminou. Capeando pela Baia Maxwell, a única novidade foi o tráfego intenso pela baia. Tivemos o “Delphin”, um navio de turismo, entrando a toda máquina na baia completamente cerrada de nevoeiro, passando por nós e pelo “Elisabeth Boyle” dos coreanos na mesma situação que nós (capeando) e o “Lady M” ainda fundeado em frente a estação chilena. Nas fotos abaixo, o plotter e o radar mostram “exatamente” nossa situação no fim da tarde do dia 28.01.

Nesse mesmo horário soubemos que nem adiantaria esperar por aqui pois o Hércules “quebrou” em Punta Arenas e não teremos vôo nem amanhã. Agora são 19 hs e estão decidindo se voltamos a Ferraz pelo menos para termos conexão de Internet ou se seguimos diretamente à Punta Arenas, cancelando assim toda a fase dessa OPERANTAR. Os parlamentares continuam na base chilena e decidiram não nos acompanhar na travessia do Drake. Portanto, tudo permanece igual.
Quando houver o vôo, iremos descarregar carga e pesquisadores em Ferraz, zarpar para Ilha Elefante e seguir voando baixo pelo Drake em direção a Punta Arenas. Com a nova atualização, a data provável de aportar no Chile ficou para 02 de fevereiro.

A última atualização é que estamos fundeados na frente de Ferraz (01:30 hs de 29.01) e devemos permanecer o dia todo aqui. Pela manhã eu atualizo mais as informações.

[ vista da vigia de boreste com o glacier Ecology ao fundo ]

O dia 25 de janeiro foi de trânsito. Levantamos ferro de Ferraz as 08 hs da manhã com vento de forte e um tempo muito fechado. Nosso objetivo era chegar a Frei para o translado dos convidados para a base aérea chilena e troca de pessoal. Mas o tempo ficou tão ruim que simplesmente ficamos capeando na entrada da baia Maxwell sem poder enxergar um palmo na frente do nariz.

Todos se concentraram no passadiço para ver icebergs e sentir o vento de até 70-80 nós passar como ondas pelo navio. Não estava frio, mas para alguns estava congelante (apenas uma questão de adaptação).

Passamos todo o dia capeando e só agora as 19 hs é que o tempo melhorou e retornamos a frente de Ferraz para fundeio. Aqui pelo menos temos contato com a net. O hércules não levantou de Punta Arenas por causa das condições meteorológicas e por isso mesmo tudo foi abortado. Dormi muito pela tarde, justamente para aproveitar a noite acordado, onde é mais divertido e a rede é mais estável (pois a maioria dorme e não disputa um ponto de rede rsrs).

Fico por aqui. Até a próxima postagem.

a segunda despedida

* * Obs * * Este blog está desatualizado em dois dias. Como estamos navegando mais do que de costume, estou entrando na rede apenas quando o Ary fundeia na frente de Ferraz, coisa que tem acontecido pouco. Irei fazer mais uma postagem hoje.

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As coletas da Priscila ocorreram tranquilamente em intervalos regulares de 3-4 horas durante todo o dia. Até que as 17 horas, ela aproveitou uma "lingada" (ida do bote à praia) para desembarcar e trocou com a Rosalinda, que subiu definitivamente a bordo. Eu já tinha trazido todas as minhas coisas, mas ainda não estava definitivamente alojado. As 20 horas fizemos a última coleta e depois disso tive o prazer de um bom banho e boa comida, mas não conseguia dormir. Acho que o cansaço era tanto que simplesmente não dava. Então fiz a postagem anterior, falei com a minha querida Mariana e depois fui dormir....cansado e exausto.

Dia 24.01 as 5 hs da manhã eu acordei com o pessoal chegando de Ferraz - os outros pesquisadores que iriam para Punta Arenas hoje. Como era muito cedo, a maioria ficou dormindo onde podia (principalmente na Praça D'armas, como na foto acima). As 6 hs começamos a nos mover para a base chilena Eduardo Frei, para o desembarque deles e embarque da comissão parlamentar para assuntos antárticos (é isso mesmo ! existe !).

O desembarque foi uma loucura - uma verdadeira feira de mustangues laranjas e malas embaladas em sacos de lixo (para não molhar). A foto acima é um exemplo de como ficou o deck da popa. Últimas despedidas e ultimas lágrimas, nossos amigos deixaram o Ary Rongel rumo a base aérea enquanto que nós no navio (Rosinha e eu) começamos a nos desalojar dos camarotes que iriam ser preparados para receber os parlamentares e convidados. Nas fotos abaixo, o desembarque do pessoal com um belíssimo sol e céu azul na Baia Maxwell.

As 12:30 hs exatamente o Hércules da FAB passou sobre o navio em uma longa curva e com um céu de almirante, pouso na base chilena, e aos poucos começaram os vôos de helicóptero trazendo os convidados para o navio. O pessoal da "faxina do esquadrão aéreo" trabalhou intensamente nessas horas, juntamente com o grupo de mergulho e os botes. Nas fotos, equipe do convôo e a “Águia 69” pousando no Ary.

Essa faina de transporte terminou absolutamente na mesma hora que o tempo fechou completamente e deixamos de enxergar a costa, apenas 500 metros do navio. Enquanto o tempo estava bom, consegui até mesmo tirar uma foto ao lado do “bode verde”, símbolo da hidrografia, da qual faz parte o Ary Rongel.

Uma curiosidade: quase no final da faina, vimos um Iate de luxo se aproximando - "Lady M" (foto abaixo). É um iate de um magnata que simplesmente estava passeando na Antartica. Muito chique ! mas gostaria de saber como foi que ele passou o Drake rsrs.

As 15:30 hs largamos em direção a Ferraz e fui me enfiar no meu saco de dormir, em um container no porão superior. Adormeci profundamente e só fui acordado pela Rosalinda por volta das 18 hs dizendo que estávamos novamente em Ferraz e que poderiamos desembarcar se quiséssemos. Uma curta lingada de bote e estavamos novamente no solo da estação. Foi estranho, mas ao mesmo tempo bom, pois pude me despedir novamente de forma adequada de alguns amigos do grupo base. Ficamos cerca de 1 hora e meia por lá e retornamos ao navio, onde tivemos um coquetel com os convidados, small talks e diversão.

Agora são 3 hs da manhã de 25.01 e estou indo novamente me enfiar em meu casulo da North Face (que saco de dormir delicioso !!!)

Se der entrarei novamente amanhã...e então mostro algumas curiosidades do navio.

Ary Rongel H44

Trabalhar novamente no Ary é uma honra. Estamos em faina de coleta de água à mais de 12 horas, realizando amostragens em fundo e superfície para o trabalho da Priscila. Vento, chuva, calmaria, já vimos de tudo na proa. Está tranquilo...mas estou com sono. rsrs. Nada como o Drake para descansar.

Na foto ao lado (Graças ao Sgt. Bittencourt) Priscila e eu montamos a garrafa na proa do Ary para mais uma coleta. Estou aqui apenas nos intervalos das coletas para poder publicar no blog, mas assim que der vou tomar um banho e dormirrrrrr. rsrs.

A Real Despedida

É engraçado quando não sabemos que o último dia será realmente o último. Acabei acordando atrasado (será que eu desliguei o relógio ?) pois tinha marcado com a Alice e a Erli de irmos até um ninho de skuas em Punta Plaza, saída às 07:15 hs. Não sei por qual motivo mas acabei desligando o despertador antes da hora e só fui levantar as 08:15 hs, meio assustado. Ninguém tinha saído da estação por conta do vento forte que batia naquela hora, portanto, eu poderia muito bem ter ficado na cama até mais tarde.

Mas então o tempo melhorou, e como num ensaio de um show, as coisas começaram a dar certo para o pessoal do Grupo Base mais Ary Rongel, pois hoje era o dia do ensaio da chegada do presidente da república à Ilha Rei George (calma – apenas ensaio !).
Pouco depois do almoço, todos uniformizados (Grupo Base) e perfilados na frente da estação (foto), quando começou a sobrevoar a área um dos helicópteros do Brasil. O Almirante secretário da CIRM desembarcou para acompanhar a visita da comitiva preparatória da visita do Presidente. Nesse momento eu soube que a data de meu embarque definitivo no Ary Rongel estava marcada para as 19hs.

Calmamente eu terminei de fechar todas as minhas coisas (pela 3º vez !!) e fiquei de prontidão, mas sem correrias. E depois de tanto stress com o termino da Operantar para mim, eu precisava de um pouco de ar. Mariana, Paulo e eu decidimos então dar uma pequena e rápida volta no entorno da estação. Grandes blocos de gelo estavam encalhados na praia, e andamos pelo antigo terreno da Base G, módulo VLF, cruzes, até chegar no alto da colina atrás da estação. Uma bela vista com toda certeza !

Quando retornamos à estação, já se passava de 17:30 hs. Então troquei de roupa, larguei os marfinites com todas as coisas na praia, coloquei o mustangue laranja (roupa oficial de transporte no bote) e saí, sem despedidas, da estação. Eu sinceramente não queria e não gosto de despedidas. A única pessoa com quem eu realmente falei e me despedi sinceramente foi a minha querida Janaina. Não tenho vergonha de dizer que chorei muito, mas muito mesmo (culpa sua, Jana rsrsrs) e sai com a certeza absoluta de que iria voltar, talvez em um ano, talvez mais....mas iria voltar. Esse é meu lar e dessa água de degelo eu bebi. As pessoas com certeza serão outras e as skuas também, mas velhos amigos encontrarei novamente e as rochas onde eu pisei estarão lá me esperando, na minha casa de pedra.

Depois dessa foto (acima) com Janinha na praia a coisa toda foi bem rápida. O “big krill” chegou (o bote do Ary), carregamos tudo e alguns amigos vieram até a praia para dar adeus. A seqüência abaixo é exatamente isso- Adeus, Ferraz ! Na praia, Janinha, Doc, Jussara, Mariana, Santos, Stauffer e Ferreira.

Em apenas 40 segundos atravessamos os 300 metros que separam Ferraz do Ary Rongel, minha nova casa pelos próximos dias. Um pouco diferente do que da minha última Operantar em 2000, mas essencialmente o mesmo ferro vermelho singrador dos mares polares. Eu tenho um carinho muito grande por esse navio e é com muito orgulho que farei mais um Drake com ele. Minhas coisas ainda estão dentro de marfinites e estou dormindo sobre o mustangue no laboratório à ré do barco, pois estamos em plena faina de coleta de água. Na verdade, vim para o navio exatamente para isso: apoio ao projeto da Priscila, na coleta de água à cada 3 horas durante as próximas 24 horas.

Na foto abaixo, a alegria dela depois da segunda coleta com sucesso. O difícil está sendo dormir nesses intervalos quebrados e o frio do laboratório. Não vejo a hora de dormir confortavelmente em uma cama por pelo menos 12 horas.

Não sei quando poderei postar de novo. Além do trabalho cansativo tem a conexão que as vezes não funciona aqui pela distância e rigores do tempo. Enfim....estou retornando ao Brasil, com saudades de todos e principalmente da minha Mariana. Mas ao mesmo tempo sei que no meio do Drake vou sentir novamente aquela sensação de “deixar meu lar”, que agora é aqui, nessa imensidão de gelo.

Até a próxima....

Expectativa....

Expectativa sempre há para a partida, independente de quantas vezes eu já passei por isso. Sempre existe uma diferença, sempre a familia é outra, sempre há um diferencial. E com isso vem o sofrimento...vem o sentimento de separação, ruim de todas as despedidas. Mas é o rumo que a vida tem e não podemos fazer nada com isso.

O dia 21.01 não foi diferente do dia anterior. Mas pelo menos ontem (20.01) conseguimos aproveitar uma janela de tempo para respirar ar puro. No fim do dia, praticamente depois das 21:00 hs, o tempo deu uma trégua e mesmo com fortes rajadas, deu para sair. Ainda com cuidado pois tudo estava bem molhado com a chuva torrencial das ultimas horas e o vento não dava muita folga. Mineiros e Geraldo Alpino foram resgatar um experimento, e eu fui com Mariana, Eduardo e Juliana no módulo de química. Dali, Mariana e eu esticamos até Punta Plaza para verificar a ocorrência de um ovo de skua nas proximidades, pronto para eclodir.

Mesmo com o vento forte e rajadas, conseguimos dar umas pausas na caminhada para umas fotos chocantes. O sol estava se pondo e rolos de nuvens saiam da calota de gelo, no alto da Ilha. A foto acima foi tirada do platô de Punta Plaza. Seguimos um pouco até verificarmos os ninhos naquela área, e sentamos um pouquinho no platô para apreciar a vista. O sol por trás da geleira Lange é divino (foto abaixo). No caminho de volta, ainda passamos nas cruzes, e ai o vento estava já bem mais fraco. Era uma janela reduzida ! (foto abaixo com as cruzes ao fundo).
Um dos efeitos mais chocantes desse tempo ruim, é a formação de nuvens lenticulares, que imitam discos voadores multicoloridos acima da calota (abaixo). Garanto a quem lê o blog que a visão de tais nuvens é impressionante. Elas são da cor do arco-iris. E aproveitamos a descida ao Módulo de Meteorologia para tirar uma foto do lago sul com gelo para a Neusa. Ela irá com certeza colocar no blog dela. O gelo tem mais de 1 m de espessura. O gelo ainda recobre boa parte do lago..e as estruturas ligadas a ele podem ser danificadas.

Já o dia 211.01 foi de total stress ! vento forte e eu de serviço da cozinha. Preso aqui na estação o jeito foi tomar um café reforçado e ir trabalhar. Vida dura !!!!! fecha caixa, arruma artigo, responde email, ajuda em uma ou outra faina e no final das contas não sobra muito tempo para pensar na vida.

Nem tirei fotos porque a monotonia pegou a todos. Foi um saco - e para variar, o tempo estava muito ruim. De tarde, contra as previsões já feitas, o navio frances "Le Diamant" entrou na frente de Ferraz e ancorou. Logo de pois o Ary Rongel ficou rondando o ponto de fundeio para ver se conseguia ficar mais perto.

No fim da tarde, pelo menos, houve uma tentativa transporte de uma chata de óleo...mas nem rolou ! não conseguiram atrelar a chata no bordo certo do Ary.

Agora estou na expectativa de ver o que acontece...quando eu entro definitivamente no Ary.

Beijos e boa noite....fui dormir.

Downhill

dia 19.01 foi um dia estranho, esquisito ! o meu mau humor estava associado a muito trabalho x pouco tempo. Fiz milhões de coisas: terminei minha parte no relatório, fechei caixas de transporte, terminei de coletar material, preparei pequenas lembranças (extremamente necessárias e requisitadas nessa hora!) e arrumei minhas malas. isso mesmo - MALAS ! Mesmo enviando muita coisa de volta por navio, minha mochila de viagem parece cheia.

O navio chegou pela madrugada e já começou a faina de óleo para a estação. O tempo estava meio ruim e o lance mesmo era ficar na estação fazendo essas pequenas indesejáveis e necessárias coisas.

No meio tempo, fui com Mariana (MMA) dar uma volta no pátio e acabamos encontrando com a Sub-chefe Jananina no Bulldozer (foto abaixo) e com o Anderson tirando fotos de cima de um dos tanques de combustivel (mais abaixo). Acabei voltando para dentro em mais uma faina de arrumação, desta vez na marcenaria.

E assim o dia passou voando, e veio o jantar e depois do jantar veio a festinha de despedida de todos que embarcam agora. Recebemos um diploma de mérito da Ordem dos Pinguins, festejos e a dança acabou indo até tarde. Fui dormir por volta das 2 da manhã, cansado e me preparando para a faina de hoje (domingo), que acabou não ocorrendo.

Amanheci meio torto na cama, por conta da mala ainda em cima dela, e com o barulho do vento forte batendo na janela. O tempo mudou e tudo está molhado lá fora. Uma tempestade das grossas. Ainda na cama, ouvi o Ary Rongel chamando a estação pelo rádio, avisando que iria suspender ferro e navegar para fugir do mau tempo. Eles estão agora em algum lugar na baia do Almirantado, navegando em um quadrado fechado que chamamos de "curral", melhor do que ficar parado agarrando o ferro da âncora e colocando o navio em risco.

Então..só me resta esperar (comendo, dormindo ou recuperando as energias) rsrsrs.

Bobeira...(eu)!

o dia 18.01 começou com o famoso "pente fino". É uma operação de limpeza geral na área da estação. Todos os moradores de Ferraz são dividos em grupos e cada um é responsável por uma área. Coletamos tudo que é estranho ao meio: pedaços de plástico, madeira, metal, etc etc. Um achado curioso foi o do Anderson. Ele encontrou uma bolsa de lona cheia de chumbinho e muito antiga. Provavelmente é uma relíquia dos ingleses, como chumbo de caça. Ainda estamos avaliando para ver o que é mesmo essa bolsa. Na foto abaixo vemos o módulo de química com alguns integrantes do pente fino limpando os arredores.

O dia foi de muito trabalho. Depois do pente fino fiquei preso no computador apenas preenchendo papelada, relatórios, manifestos de carga, etc. Só parei um pouco a tarde para ver alguns animais na lupa. Essa foto abaixo é de um anfipoda, principal item alimentar de pinguins. Passamos cerca de duas horas (Fábio, Debora e eu) tentando decifrar a chave de classificação taxonomica desse bixo, pois precisamos saber a espécie exata. Coisinha chata e dificil essa !

O resto da tarde foi de carregamento de caixas e material entre os laboratórios. Me senti uma formiguinha. Computador, lab, sala, cozinha (para comer, é claro!), lab de novo, computador de novo. Arghhhh.

E quando chegou por volta das 22 hs, decidi tomar um ar - por de sol a vista ! Subi no morro da Meteoro, com a cúpula das antenas e a torre meteorologica ao fundo e um por de sol maravilhoso.

O sol estava tão lindo que dava vontade de pegá-lo rsrsrs. Na foto eu tentei pelo menos. Fiquei praticamente uma hora e meia deitado nas pedras do morro observando e filmando o sol. Realmente um final de dia maravilhoso. Quase dormi ! (note o reflexo do por de sol no óculos!).

antes de voltar para estação, por volta das 23 horas, ainda deu tempo de tirar esse mosaico. Só faltou a foto do por de sol mesmo, mas é que infelizmente perdi o foco exatamente da ultima foto. Mesmo assim, valeu a tentativa. O sol já tinha ido embora e agora é a minha vez de dormir.

Até amanhã....Antártica.